Amanhã é dia de Nossa senhora de Fátima, a padroeira de Portugal. Cá em casa somos todos Católicos mas "quase" não praticantes. E digo "quase" não praticantes não porque não tenhamos fé. Temos...e até temos muita. Mas...pensamos que a Igreja actual não chama as pessoas como devia chamar. Pensamos que a Igreja não acompanha a actualidade talvez por "berrice" do Vaticano. É triste, no nosso entender, saber que a Igreja condena o uso de preservativo, entre outras tantas coisas que não entendemos...mas enfim.
Nesta altura todos somos peregrinos, quer se vá a pé ou não a Fátima, basta ter Fé. Nunca estive em contacto com pessoas que foram a pé mas este ano é diferente. Um Amigo foi e pedi-lhe para, de vez em quando, ir dando notícias. O Sérgio fez melhor mandando todos os dias á noite uma mensagem sms com o cabeçalho "diário do peregrino". Nunca tive a experiência de fazer uma viagem destas mas com a descrição que o Sérgio ia fazendo, parece que todas as noites, nós em casa, saltávamos para outra dimensão indo ao encontro dele, estando com ele e percebendo as dificuldades de quem caminha durante tanto tempo. Não me chegou a dizer directamente o porquê desta peregrinação mas acredito que para se fazer uma coisa destas tem de haver um motivo forte, algo que nos mova, que nos chame para fazermos tantos Kms a pé, não sabendo que tempo vai fazer, não sabendo o que o nosso corpo vai aguentar, é como se se entrasse no desconhecido. Finalmente no diário do peregrino de hoje, intitulado "conclusão", foi desvendado o porquê desta viagem. E então o meu Amigo foi para agradecer pela sorte que tem tido com a vida, com a família, que está prestes a crescer, e pelos amigos que ele tem.
Muitos deverão estar agora a pensar "imagine-se fazer tantos Kms a pé "só" para fazer um agradecimento, este tipo é doido". Pois é, mas ele foi. E foi porque se sentiu na obrigação de o fazer. Raramente pensamos nos mais desfavorecidos, nos que não têm nada para comer, nas crianças que morrem todos os minutos por falta de água, comida, medicamentos... devíamos sentir vergonha por não agradecermos pela sorte que temos. E ainda assim achamos que temos pouco. Será este provavelmente um dos defeitos sem remédio da nossa condição humana.
Fica aqui a devida e sentida homenagem não só ao meu Amigo mas a todos os milhares de peregrinos que todos os anos se deslocam ao Santuário de Fátima.